Fatos Geradores: Momento de Ocorrência e seus Reflexos na Incidência Tributária
O conceito de fato gerador é um dos pilares do Direito Tributário, sendo fundamental para compreender quando e como nasce a obrigação tributária. No cenário dos concursos, dominá-lo é essencial, já que as bancas exploram cada nuance deste tema. Mas, afinal, o que é o fato gerador? E como seu exato momento de ocorrência interfere nos tributos devidos?
1. O que é fato gerador?
O fato gerador é a situação definida em lei como necessária e suficiente para dar origem à obrigação tributária principal. Ou seja, é um evento previsto na legislação tributária que, ao se concretizar, impõe ao contribuinte o dever de pagar um tributo. Por exemplo, a transmissão de propriedade de um imóvel é fato gerador do ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis).
Importante perceber que o fato gerador sempre se relaciona com um elemento concreto da realidade (compra, venda, renda, consumo etc.) e deve ser previsto em lei previamente, sob pena de violação ao princípio da legalidade tributária.
2. Momento de ocorrência do fato gerador
A definição do exato instante em que o fato gerador ocorre possui reflexos diretos sobre o nascimento da obrigação tributária. O artigo 116 do Código Tributário Nacional (CTN) determina que o fato gerador considera-se ocorrido no momento em que se verificam as circunstâncias materiais necessárias à incidência do tributo.
Por exemplo: no caso do ICMS sobre a venda de mercadorias, o fato gerador ocorre no instante da circulação da mercadoria. Já no IRPF, ocorre ao final do período de apuração anual, quando se verifica a existência de renda.
Essa exatidão temporal é determinante para:
- definir qual a legislação aplicável (em caso de modificações legislativas no tempo);
- corrigir corretamente valores, se devidos (por exemplo, em atrasos ou atualização monetária);
- verificar a ocorrência de decadência ou prescrição;
- definir o sujeito passivo (quem possui a obrigação de pagar);
- aplicar alíquotas e condições em vigor na ocasião do fato.
3. Reflexos na incidência tributária
A correta identificação do momento do fato gerador evita conflitos de competência, previne bitributação e garante segurança jurídica ao contribuinte e ao fisco. Se um tributo tiver seu fato gerador reconhecido após entrada em vigor de nova lei ou alíquota, por exemplo, prevalece a lei vigente no momento da ocorrência do fato gerador.
A compreensão do momento da ocorrência também é vital para o lançamento tributário (ato pelo qual a Fazenda apura e constitui o crédito tributário), bem como para identificar o início do prazo de decadência do direito de lançar e o termo inicial da prescrição para cobrança judicial.
Além disso, prevê situações complexas como:
- Fatos geradores instantâneos (ex: ITBI na transmissão do imóvel);
- Fatos geradores sucessivos (ex: IPTU, cuja ocorrência se renova anualmente pelo simples decurso do tempo e pela manutenção da propriedade);
- Fatos geradores complexos ou de “dupla ocorrência” – como em algumas operações de importação, onde tanto o desembaraço aduaneiro quanto a entrada da mercadoria no território nacional podem ser considerados elementos do fato gerador.
4. Exemplos práticos para compreensão
Considere dois irmãos que recebem herança. Se o fato gerador do ITCMD ocorre na data do óbito (transmissão causa mortis), é essa a legislação e alíquota aplicável – mesmo que o inventário só seja finalizado anos depois. Para o ISS, o fato gerador ocorre no momento da prestação de serviço, e não no faturamento ou no recebimento dos valores.
Esses exemplos deixam claro que o momento do fato gerador não se confunde com o momento do pagamento do tributo, da escrituração contábil ou do registro do negócio. O que importa é a ocorrência dos elementos previstos em lei.
5. Dicas finais para concurseiros
Mapear o momento de ocorrência do fato gerador de cada tributo é passo essencial tanto para acertar questões quanto para evitar pegadinhas das bancas. Atente-se para as exceções e particularidades de cada espécie tributária, bem como para as normas gerais do CTN.
Praticar a resolução de questões envolvendo as hipóteses legais para cada tipo de imposto, contribuição, taxa ou empréstimo compulsório reforçará o entendimento e aumentará as chances de sucesso nas provas.
Este artigo foi feito com base na aula 3, página 45 do nosso curso de Direito Tributário.

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